Rua Dr. Pelágio Lobo, 142, Sala 07, Guanabara, Campinas/SP 19 99920-3455

News Details

  • Home
  • Depressão: quando a tristeza passa a ser um problema?
paciente em terapia para tratar sua Depressão
30 de agosto de 2022 Global Project 0 Comentários

Depressão: quando a tristeza passa a ser um problema?

Quando pensamos em uma pessoa que sofre com Depressão, muitas vezes só vemos o lado do desespero, da letargia e da tristeza extrema. Sim, esse é um lado real do Transtorno Depressivo, mas assim como tantas coisas da natureza humana, ele se dá em um espectro e varia de caso a caso.

A tristeza é um dos sentimentos mais comuns da nossa vivência, uma forma de reagirmos aos mais diversos acontecimentos em nosso entorno.

Logo, sentir-se triste é normal quando perdemos um ente querido, brigamos com alguém ou quando ficamos sabendo de uma história infeliz. Porém, são situações que conseguimos lidar, da melhor maneira possível. Assim que lidamos com a situação, o sentimento de tristeza se resolve com ela.

Entretanto, a partir do momento em que esses acontecimentos e conflitos começam a se amontoar um sobre o outro, a dificuldade de lidar com eles aumenta. O resultado disso pode ser um Transtorno Depressivo, entrando em uma escala em que a tristeza passa a ser um problema.

Continue lendo e descubra mais sobre a diferença da tristeza e da Depressão, e o como essa segunda muitas vezes está escondida atrás de um sorriso.

Tristeza ou Depressão?

Primeiramente, a diferença entre tristeza e Depressão pode ser resumida em termos de intensidade, duração e as causas do quadro geral. Porém, nem sempre conseguimos enxergar cada um desses pontos com clareza.

Por isso, além da importância de saber os sintomas mais comuns de um Transtorno Depressivo — que vou citar em breve —, é preciso entender como a Depressão interfere na vida diária da pessoa.

Mais do que as tristezas pontuais, a Depressão é capaz de afetar a produtividade e a vivacidade de um indivíduo. Assim, prejudicando o trabalho, os estudos, o sono, a alimentação e a capacidade de aproveitar a vida, de maneira geral.

Aprendendo a nomear nossos sentimentos

Aprender a nomear o que estamos sentindo, se é tristeza ou algo mais, é de extrema importância para saber a hora em que precisamos pedir ajuda e receber o melhor tratamento possível.

Afinal, uma Depressão, não importa qual a intensidade, merece um acompanhamento e um diagnóstico apropriado, oferecidos por profissionais, como psicólogos e psiquiatras.

Dessa forma, vou listar abaixo os sintomas mais comuns a Depressão, ou Transtorno Depressivo Maior, de acordo com o DSM-5: 

  • tristeza e humor deprimido;
  • Perda ou ganho repentino de peso;
  • Redução da concentração;
  • Redução do prazer em todas ou quase todas as atividades de interesse;
  • Agitação ou retardo psicomotor;
  • Sentimentos de desvalia ou culpa exagerados;
  • Insônia ou hipersonia;
  • Fadiga ou perda de energia;
  • Pensamentos recorrentes de morte ou ideação suicida.

Para um quadro ser caracterizado como Depressão, é preciso preencher ao menos 5 desses sintomas. Porém, ressalto que o “autodiagnóstico” é válido apenas como um impulso para a procura de um acompanhamento apropriado e profissional.

Além disso, a experiência com os sintomas angustiantes da Depressão, muitas vezes, ocorre de maneira velada. Por mais que ela afete a rotina da pessoa, o estigma que existe sobre a Depressão força esses indivíduos a aparentar uma vida contente e sem preocupações.

A Depressão disfarçada por sorrisos

Cabe lembrar a todos os leitores deste artigo que a Depressão não possui rosto ou aparência definidos. É um transtorno que, não importa a intensidade ou as causas, pode se caracterizar como dura e exaustiva.

E, seja por causa da pressão da sociedade ou de crenças pessoais sobre produtividade, muitos tentam esconder a Depressão com semblantes determinados e alegres.

Nesse caso, o sorriso se torna um mecanismo de defesa, para impedir que os outros saibam o que se passa interiormente. Porém, essa mesma barreira construída com sorrisos pode impedir a pessoa de procurar ajuda ou reconhecer as próprias batalhas.

Dessa forma, por mais que os casos de Depressão estejam em alta em todo o mundo, na maioria dos países a população afetada que recebe o tratamento adequado não chega a 10% dos casos.

Por isso, é importante garantir que as informações corretas sobre Depressão, desprendidas de crenças e juízos de valor, estejam sendo transmitidas. E é preciso lembrar que existem tratamentos comprovados e efetivos para esse problema.

Como seria a mente de um indivíduo em Depressão

Os benefício da TCC para o tratamento da Depressão

A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é uma das abordagens mais eficazes para tratar a Depressão. 

Com a compreensão sobre o quadro geral do indivíduo que é agrupado ao longo das sessões, é possível guiá-lo e ajudá-lo a elucidar os as crenças disfuncionais que provocam o quadro

Propomos junto ao paciente uma análise de todas as distorções provocadas pela Depressão, que podemos resumir em três categorias: a visão negativa sobre si, sobre o mundo e sobre as perspectivas para o futuro.

Assim, a TCC busca auxiliar o paciente a desenvolver uma visão mais fundamentada na realidade e mais justa consigo mesmo. Para isso, é feito um trabalho para identificar esses pensamentos e crenças corrompidas, trazendo técnicas capazes de enfrentá-los.

Portanto, mais do que um trabalho de análise cognitiva, a TCC também oferece os reforços positivos ao paciente, com o objetivo de fazer uma ativação comportamental para recuperar os sentimentos de produtividade e prazer. 

Um processo que começa em atividades simples como arrumar a cama ou fazer uma caminhada e que culminam em ações capazes de prevenir recaídas e lidar com as adversidades da vida.

Por fim, a TCC se inicia como um processo de compreensão das causas e sintomas da Depressão junto ao paciente. Porém, através de um trabalho contínuo, tratamos esse transtorno, a fim de reabilitar o indivíduo e transformá-lo em alguém munido com as estratégias para restaurar sua autonomia e autocuidado.  

Por Shirley Miguel