Se tem algo que a vivência da pandemia ao longo desses 2 anos nos trouxe foi o sentimento de solidão.
Durante esse período, as pessoas precisaram restringir seu contato social, e até familiar, para evitar a disseminação do Covid-19.
Não puderam sair para trabalhar, ir à academia, restaurantes e até fazer compras. Muitos desses lugares ficaram completamente fechados e as ruas estavam vazias.
Além da solidão, os sentimentos de impotência e medo surgiram com toda a força, nos fazendo repensar quem somos, do que gostamos, do que precisamos e tudo teve que ser revisto, inclusive as relações, que apesar da distância física, se estreitaram por vias virtuais.
Mais do que nunca, osaplicativos de redes sociais e reuniões virtuais, se tornaram as melhores opções para socializar, trabalhar, paquerar, se distrair e claro, sair da solidão.
Mas o que é Solidão?
Solidão significa um sentimento doloroso de estar separado de alguém, total ou parcialmente, de não fazer parte de algo ou do mundo, causando quase sempre um certo isolamento, seja social, emocional ou existencial.
A solidão costuma ser involuntária, imposta e desintegrativa.
Apesar da definição acima, pode-se perceber que sentir a solidão depende de algumas variáveis, não se restringindo a estar fisicamente sozinho em um local.
Afinal, a solidão é algo totalmente ruim?
Dependendo do temperamento, do humor e do momento de vida, a solidão é percebida como algo positivo, ao invés da negativa da descrição anterior.
Pessoas extrovertidas buscam mais o mundo externo para se recarregarem, se divertirem, aprenderem e se autoafirmarem, portanto em uma situação como a que a pandemia nos trouxe, essas pessoas foram as que mais sofreram.
Precisaram buscar mais em si mesmas o que buscavam fora.
Por sua vez, os introvertidos — que muitas vezes, são pejorativamente chamados de anti-sociais — acabaram se dando bem, pois apesar de não serem necessariamente isolados, se recarregam em sua própria companhia.
Seja aprendendo algo, lendo, se distraindo até usufruindo de um momento silencioso com seus próprios pensamentos, os introvertidos não temem a solidão, eles a cultivam. E às vezes, até demais!
O fato é que ambos os tipos de temperamentos estão corretos, ambos são funcionais e saudáveis, apenas têm mecanismos e estratégias diferentes para lidar com seu tempo e energia.
Porém, ambos têm coisas a trabalhar nesse sentido. Os introvertidos a “abrirem mão” de sua solidão para estreitar laços com outras pessoas e os extrovertidos precisam começar a apreciar a própria companhia e aproveitar para se conhecerem sem as influências externas.
Algumas pessoas ficaram deprimidas e ansiosas. Outras, sentiram-se mais relaxadas e confiantes quanto ao seu humor.
Isso porque algumas tiraram de si algumas pressões e começaram um processo de autoconhecimento, aprendendo a utilizar da solidão para mergulhar em seus desejos e necessidades, percebendo coisas que antes não percebiam.
Tudo isso assustou e instigou as pessoas ao mesmo tempo.
Estar só é ser só?
A questão é que a solidão não significa que somos pessoas isoladas, sozinhas, abandonadas à própria sorte.
Pode também significar que somos indivíduos com características, histórias, gostos e funcionamentos únicos — e essa singularidade pode ser muito libertadora.
É libertadora na medida em que podemos de fato escolher com quem queremos nos relacionar, podendo também definir limites, sem necessariamente sofrer por estarmos sozinhos.
Porque o “estar sozinho”não significa que não temos pessoas que nos amam, nos admiram, nos querem por perto, sejam elas nossa família ou amigos.
E estar sozinho não significa que não temos uma história relevante e que essa história não deve ser honrada e celebrada todos os dias.
Não significa que não pertencemos a um grupo, comunidade ou sociedade, pois são as partes que trazem seus talentos, conhecimentos e singularidades para enriquecer e promover o crescimento do todo.
Porque estar sozinho não significa que somos estranhos, fracos, vulneráveis. Significa apenas que podemos apreciar e usufruir da nossa individualidade, nos fortalecer e nos preparar para enfrentar as dificuldades da vida.
Os males de se sentir solitário
Por outro lado, a solidão exagerada pode causar grandes males à nossa saúde física e mental. Somos seres criados para se relacionar, não para ficarmos o tempo todo sozinhos.
Logo, esse é o cuidado que aqueles que se sentem tão à vontade com a solidão devem ter, pois nem sempre o conforto significa saudável.
Muitas vezes, significa que a pessoa pode estar fugindo de enfrentar as diferenças, problemas e conflitos, que naturalmente existem em qualquer relação, em qualquer convivência, sendo promotoras de crescimento e desenvolvimento socioemocional.
Quando passamos muito tempo sozinhos, as “vozes na nossa cabeça” ganham grandes proporções. Não que estejamos delirando ou alucinando, mas é porque nunca somos desafiados por outros modos de enxergar, de pensar, de fazer as coisas.
Daí não saímos da nossa própria cabeça, e por isso não crescemos, não expandimos, não aprendemos, permanecemos imaturos e frágeis.
Assim, nossa saúde física fica frágil à medida que a saúde mental se enfraquece, a imunidade não é mais a mesma, pois ficamos inseguros quanto ao que conseguimos fazer, superar, enfrentar.
Vamos desistindo, vamos nos encolhendo, atrofiando de tão paralisados que ficamos.
Solidão e a pandemia
A imunidade física e mental precisa ser estimulada para convocar as estratégias de defesa necessárias, e só conseguimos isso ao nos relacionarmos.
Por isso, na pandemia, muitas pessoas ficaram mais frágeis, mais tristes, menos imunes e algumas acabaram adoecendo, senão morrendo.
Viver é movimento, que pede momentos de atividade e descanso, em um ciclo contínuo. Se relacionar é o movimento, descanso é a solidão, um equilibra o outro continuamente.
No quesito doenças mentais, podemos ver um aumento significativo dos quadros de ansiedade durante e no pós-pandemia, principalmente causando ou acentuando sintomas de fobia social, ansiedade generalizada, transtorno do pânico (com agorafobia) e transtornos depressivos.
Saindo da solidão e buscando ajuda
Algo que contribue para o agravamento de transtornos é que, para buscar ajuda, precisamos primeiro sair da solidão, enfrentando sentimentos de vergonha e pensamentos de fracasso por não estarem dando conta de si mesmos sozinhos.
Os profissionais de saúde mental — os psiquiatras, com o tratamento medicamentoso, e os psicólogos, com a psicoterapia — são a melhor forma de trabalhar esses quadros.
Com eles, é possível controlar e até regredir tais transtornos, a ponto de restabelecer qualidade de vida e o equilíbrio entre os momentos de solidão e integração.
Por fim, defendo que as pessoas experimentem a solidão como algo enriquecedor. Como uma aventura de autoconhecimento e de superação da dependência dos outros para validar quem somos, o que queremos e para onde estamos indo.
Assim, contribuindo para melhores momentos de convivência e relacionamentos de mais qualidade.
Solidão: Ser ou estar sozinho?
Se tem algo que a vivência da pandemia ao longo desses 2 anos nos trouxe foi o sentimento de solidão.
Durante esse período, as pessoas precisaram restringir seu contato social, e até familiar, para evitar a disseminação do Covid-19.
Não puderam sair para trabalhar, ir à academia, restaurantes e até fazer compras. Muitos desses lugares ficaram completamente fechados e as ruas estavam vazias.
Além da solidão, os sentimentos de impotência e medo surgiram com toda a força, nos fazendo repensar quem somos, do que gostamos, do que precisamos e tudo teve que ser revisto, inclusive as relações, que apesar da distância física, se estreitaram por vias virtuais.
Mais do que nunca, os aplicativos de redes sociais e reuniões virtuais, se tornaram as melhores opções para socializar, trabalhar, paquerar, se distrair e claro, sair da solidão.
Mas o que é Solidão?
Solidão significa um sentimento doloroso de estar separado de alguém, total ou parcialmente, de não fazer parte de algo ou do mundo, causando quase sempre um certo isolamento, seja social, emocional ou existencial.
A solidão costuma ser involuntária, imposta e desintegrativa.
Apesar da definição acima, pode-se perceber que sentir a solidão depende de algumas variáveis, não se restringindo a estar fisicamente sozinho em um local.
Afinal, a solidão é algo totalmente ruim?
Dependendo do temperamento, do humor e do momento de vida, a solidão é percebida como algo positivo, ao invés da negativa da descrição anterior.
Pessoas extrovertidas buscam mais o mundo externo para se recarregarem, se divertirem, aprenderem e se autoafirmarem, portanto em uma situação como a que a pandemia nos trouxe, essas pessoas foram as que mais sofreram.
Precisaram buscar mais em si mesmas o que buscavam fora.
Por sua vez, os introvertidos — que muitas vezes, são pejorativamente chamados de anti-sociais — acabaram se dando bem, pois apesar de não serem necessariamente isolados, se recarregam em sua própria companhia.
Seja aprendendo algo, lendo, se distraindo até usufruindo de um momento silencioso com seus próprios pensamentos, os introvertidos não temem a solidão, eles a cultivam. E às vezes, até demais!
O fato é que ambos os tipos de temperamentos estão corretos, ambos são funcionais e saudáveis, apenas têm mecanismos e estratégias diferentes para lidar com seu tempo e energia.
Porém, ambos têm coisas a trabalhar nesse sentido. Os introvertidos a “abrirem mão” de sua solidão para estreitar laços com outras pessoas e os extrovertidos precisam começar a apreciar a própria companhia e aproveitar para se conhecerem sem as influências externas.
Algumas pessoas ficaram deprimidas e ansiosas. Outras, sentiram-se mais relaxadas e confiantes quanto ao seu humor.
Isso porque algumas tiraram de si algumas pressões e começaram um processo de autoconhecimento, aprendendo a utilizar da solidão para mergulhar em seus desejos e necessidades, percebendo coisas que antes não percebiam.
Tudo isso assustou e instigou as pessoas ao mesmo tempo.
Estar só é ser só?
A questão é que a solidão não significa que somos pessoas isoladas, sozinhas, abandonadas à própria sorte.
Pode também significar que somos indivíduos com características, histórias, gostos e funcionamentos únicos — e essa singularidade pode ser muito libertadora.
É libertadora na medida em que podemos de fato escolher com quem queremos nos relacionar, podendo também definir limites, sem necessariamente sofrer por estarmos sozinhos.
Porque o “estar sozinho” não significa que não temos pessoas que nos amam, nos admiram, nos querem por perto, sejam elas nossa família ou amigos.
E estar sozinho não significa que não temos uma história relevante e que essa história não deve ser honrada e celebrada todos os dias.
Não significa que não pertencemos a um grupo, comunidade ou sociedade, pois são as partes que trazem seus talentos, conhecimentos e singularidades para enriquecer e promover o crescimento do todo.
Porque estar sozinho não significa que somos estranhos, fracos, vulneráveis. Significa apenas que podemos apreciar e usufruir da nossa individualidade, nos fortalecer e nos preparar para enfrentar as dificuldades da vida.
Os males de se sentir solitário
Por outro lado, a solidão exagerada pode causar grandes males à nossa saúde física e mental. Somos seres criados para se relacionar, não para ficarmos o tempo todo sozinhos.
Logo, esse é o cuidado que aqueles que se sentem tão à vontade com a solidão devem ter, pois nem sempre o conforto significa saudável.
Muitas vezes, significa que a pessoa pode estar fugindo de enfrentar as diferenças, problemas e conflitos, que naturalmente existem em qualquer relação, em qualquer convivência, sendo promotoras de crescimento e desenvolvimento socioemocional.
Quando passamos muito tempo sozinhos, as “vozes na nossa cabeça” ganham grandes proporções. Não que estejamos delirando ou alucinando, mas é porque nunca somos desafiados por outros modos de enxergar, de pensar, de fazer as coisas.
Daí não saímos da nossa própria cabeça, e por isso não crescemos, não expandimos, não aprendemos, permanecemos imaturos e frágeis.
Assim, nossa saúde física fica frágil à medida que a saúde mental se enfraquece, a imunidade não é mais a mesma, pois ficamos inseguros quanto ao que conseguimos fazer, superar, enfrentar.
Vamos desistindo, vamos nos encolhendo, atrofiando de tão paralisados que ficamos.
Solidão e a pandemia
A imunidade física e mental precisa ser estimulada para convocar as estratégias de defesa necessárias, e só conseguimos isso ao nos relacionarmos.
Por isso, na pandemia, muitas pessoas ficaram mais frágeis, mais tristes, menos imunes e algumas acabaram adoecendo, senão morrendo.
Viver é movimento, que pede momentos de atividade e descanso, em um ciclo contínuo. Se relacionar é o movimento, descanso é a solidão, um equilibra o outro continuamente.
No quesito doenças mentais, podemos ver um aumento significativo dos quadros de ansiedade durante e no pós-pandemia, principalmente causando ou acentuando sintomas de fobia social, ansiedade generalizada, transtorno do pânico (com agorafobia) e transtornos depressivos.
Saindo da solidão e buscando ajuda
Algo que contribue para o agravamento de transtornos é que, para buscar ajuda, precisamos primeiro sair da solidão, enfrentando sentimentos de vergonha e pensamentos de fracasso por não estarem dando conta de si mesmos sozinhos.
Os profissionais de saúde mental — os psiquiatras, com o tratamento medicamentoso, e os psicólogos, com a psicoterapia — são a melhor forma de trabalhar esses quadros.
Com eles, é possível controlar e até regredir tais transtornos, a ponto de restabelecer qualidade de vida e o equilíbrio entre os momentos de solidão e integração.
Por fim, defendo que as pessoas experimentem a solidão como algo enriquecedor. Como uma aventura de autoconhecimento e de superação da dependência dos outros para validar quem somos, o que queremos e para onde estamos indo.
Assim, contribuindo para melhores momentos de convivência e relacionamentos de mais qualidade.
Por Shirley Miguel
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