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26 de dezembro de 2020 jonas 0 Comentários

GRATIDÃO

Do latim ‘Gratus’, pode significar tanto agradecido como agradável. Interessante, esses dois significados e sua conexão tão próxima. É tão agradável quando percebemos que as pessoas conseguem ainda sentir gratidão.

Hoje em dia as coisas mudaram e sobrou pouco tempo para isso. Estamos buscando cada vez mais a autossuficiência e pode ser muito difícil precisar ou ajudar o outro, ainda mais quando sentimos a ingratidão tão presente. Forma-se uma rede: – “Não preciso de ajuda, porque não há ninguém pra me ajudar, então não ajudo porque não sou ajudado”. Não há gratidão, não há conexão.

O ser humano é um ser social e por isso não é possível que viva isolado, autossuficiente e feliz ao mesmo tempo, mesmo que toda a modernidade indique esse caminho. Precisamos de conexão! Precisamos de contato! Precisamos estar com o outro! Precisamos contar com o outro!

Vamos exercitar? Que tal lembrarmos de algumas conexões que tivemos em nossa vida e que geraram ou poderiam ter gerado gratidão?

Eu mesmo tenho muito o que lembrar…

Me lembro a primeira vez que fui em busca de um trabalho. Tinha quase 16 anos e queria ter meu próprio dinheiro. Saí de casa munida de uma pasta com curriculum. Tímida e inexperiente, fui procurar em lugares que eu gostaria de trabalhar e as locadoras de vídeos (é faz tempo…) eram meus alvos.

Já na primeira, entrei e falei com um atendente sobre meu interesse e logo fui repelida, não quis nem pegar meu curriculum. Fiquei chateada, porque a pessoa não foi muito educada, possivelmente cansada de tanta gente procurando emprego por lá. Estava atravessando a rua, quando uma senhora que estava na locadora veio atrás de mim e me disse que gostaria de fazer uma entrevista comigo. Era a dona da locadora! Foi muito amável e não desprezou minha falta, óbvia, de experiência aos quase 16 anos. Viu meu interesse!

Nunca me esqueci desse episódio e sou grata, porque mesmo não tendo dado certo (por causa do meu horário da escola), eu tive, pelo menos, atenção e educação e isso contribuiu para minha autoestima na vida profissional. Essa foi a primeira experiência que meio veio à cabeça, mas com certeza tiveram outras anteriores em que senti genuína gratidão.

Tive inúmeros colegas de escola, trabalho, chefes à quem sou imensamente grata, porque me ensinaram muito, até quando me criticavam. Tive amigos que me acolheram quando eu não estava bem, às vezes, até de forma inesperada.

Pensando nos primeiros pacientes que atendi, sinto gratidão porque naquela época eles me permitiram ao ajudá-los aprimorar minha experiência e técnica para que hoje eu fosse uma profissional melhor.

Me lembro de pessoas que talvez nem lembrem de mim, mas fizeram diferença em minha vida, por uma palavra, por um gesto, por uma delicadeza, por uma atitude de justiça… São tantas as experiências.

Atualmente me sinto grata quando alguém é gentil e agradável no trânsito, em uma loja, no restaurante, porque estamos tão no automático que nem percebemos o bem que podemos fazer ao outro em situações tão comuns.

A gratidão lembra-nos que somos apenas pessoas, compartilhando a vida pelo tempo e lugar que nos foi dado e que o sentido da vida está nisso, em conviver, em compartilhar e ser grato por cada coisa que nos acontece e até aquelas das quais fomos poupados e nem desconfiamos.

Você tem sido grato? Lembra de algo ou alguém que lhe cause o sentimento de gratidão? Já agradeceu? Exercite a gratidão! Vai fazer bem ao outro e muito mais a você mesmo.

Invista em você!

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