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26 de dezembro de 2020 jonas 0 Comentários

COMPLEXO DE PETER PAN E CINDERELA

Ele era um menino muito bonitinho, engraçadinho, com uma boa mesadinha e bons amiguinhos. Vivia sua vida tranquilamente junto a sua família e de maneira nenhuma pensava em deixá-los, pois era um bom menino. Por vezes, o menino encontrava meninas, meninas boazinhas e de preferência que nunca pedissem para pagar um sorvetinho ou passar uns dias a mais com elas.

Afinal de contas, ele era apenas um menino. Ela era uma princesinha, não porque tinha riqueza, mas porque tinha a vida de uma. Era linda, com cabelos dourados, às vezes cacheados, podia trocar por castanhos e lisos ou misturar tudo, mas ainda era uma bela menina, com sonhos puros e perfeitos.

Queria encontrar seu príncipe, mas sem ter certeza absoluta de que o reino seria compatível com suas regalias, nunca arriscaria. Muita informação, muito acesso, muita facilidade, muita proteção e no que deu?

Meninos e meninas que não querem crescer e nem precisam. Moram com seus pais, não toleram frustrações, querem os melhores trabalhos e salários, querem tudo o que podem e desejam comprar. Quando pensam em relacionamentos, pensam no que podem ganhar com eles, não querem o esforço de construir uma relação, a querem pronta, querem a pessoa certa e, de preferência, perfeita, dentro de seus padrões perfeitos.

Conhece alguém assim?

Encontramos esses meninos e meninas nas diversas classes sociais, religiões e consultórios, mas a “doença” deles é só uma, querem permanecer crianças para sempre, fingindo para si e para outros que são adultos independentes e autossuficientes.

Lembra-se da história do Peter Pan e da Cinderela? 

Embora mais moderna, a história se repete ainda nos dias atuais e cada vez mais se repetirá, enquanto a vida não os fizer acordar desse sonho. Por vezes essa mudança vem através da dor, da dor de descobrir que nem tudo pode e deve ser do jeito que se sonha e planeja; da dor de descobrir que não há relações perfeitas, pois são feitas de pessoas imperfeitas, começando por si mesmo; da dor de perceber que segurança não é sinônimo de felicidade; por fim da dor de demorar a alcançar uma vida adulta e que isso também tem consequências.

Assim como dizia Carlos Drummond de Andrade:

“Que vai ser quando crescer? Vivem perguntando em redor. Que é ser? É ter um corpo, um jeito, um nome? Tenho os três. E sou? Tenho de mudar quando crescer? Usar outro nome, corpo e jeito? Ou a gente só principia a ser quando cresce? É terrível, ser? Dói? É bom? É triste? Ser; pronunciado tão depressa, e cabe tantas coisas? Repito: Ser, Ser, Ser. Er. R. Que vou ser quando crescer? Sou obrigado a? Posso escolher? Não dá para entender. Não vou ser. Vou crescer assim mesmo. Sem ser. Esquecer”.

Invista em você!

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